Alexandre Garcia A lei e seus agentes
Os caça-níqueis são objetos enormes. Portanto, em tese, fáceis de fiscalizar. É impossível não ver uma máquina entrando em uma loja. A ação da Polícia Federal confirma o que já é sabido, com diretores de escolas de samba, policiais presos. Um envolvimento que vai muito além dos limites das quadrilhas, incluindo aqueles que jogam.
Quem aposta deve estar confuso, porque a lei das contravenções penais diz que são proibidos jogos de azar e define como jogo de azar aquele que depende da sorte. Mas depois há um decreto que dá ao estado a exceção: o estado pode, os outros não.
É como a lei de progressão de regime, que permite um psicopata perigoso sair da cadeia antes de cumprir a pena e começar a matar em série. As leis e seus agentes.
Vimos agora em São Paulo agentes policiais envolvidos com roubos de cargas e extorsão.
Vimos também o carro de um contraventor explodir na semana passada. O veículo era escoltado por policiais a serviço da ilegalidade, e o contraventor havia sido condenado a 18 anos no ano passado, mas estava solto.
Ontem, a Polícia Federal prendeu cinco policiais em uma ação no Rio de Janeiro, inclusive um major e um policial civil que tinha R$ 115 mil em casa – parecia deputado de Brasília.
Quando a lei e seus agentes se prestam para o crime, alguma coisa está muito mal na estrutura do país.
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